Desafio

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A Moura Aveirense passou-me uma corrente muito engraçada:

1. Pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas – implica acaso e não escolha.
2. Abra o livro na página 161.
3. Na referida página procure a 5.ª frase completa.
4. Transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada.
5. Passe o desafio a cinco bloggers.

Ok, fiz batota, o livro mais próximo era o de hidráulica e penso que a pagina 161 não ia ser muito interessante. O segundo mais próximo é a Luz do Pessegueiro de Hugo Santos, mas que se fica pelas 125 páginas, fui então a uma prateleira, fechei os olhos e escolhi um livro ao calhas. Saiu-me “A montanha da alma” de Gao Xingjaian, um dos meus livros preferidos.

A frase é:

“Pôs a tua cabeça contra o seu peito, recordas estes pequenos detalhes gravados na tua memória, mas não pudeste repeti-los”

Todo o livro é escrito desta forma, como se fossemos o personagem principal e o narrador se limitasse a dizer o que fizemos, sentimos ou pensámos.

Aconselho vivamente!

Passo o desafio aos blogs:

1. Pinguim Azul

2. Há sempre um livro

3. Os livros

4. Aguas do Sul

5. Cunhaditas

Bastante triste…

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Ontem, no dia dos anos da minha mãe, morreu o nosso cão Snoopy 😦 Sinto-me bastante triste…

Bibliofeira

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Alguém teve uma brilhante ideia literária, e como não podia deixar de ser, aqui a lura dos livros tinha de divulgar: e se de repente existisse uma feira do livro virtual, onde se pode comprar bons livros a preços muito reduzidos e vender aqueles infelizes presentes literários ou aborrecidos calhamaços escolares de que nos queremos livrar???

Pois é, existe e aqui fica o link. Fácil de navegar e com boas oportunidades!

Paragens…

Começa a época de exames, a juntar a um certo sentimento de apatia e cansaço em relação a tudo o resto. Resultado, aquilo que não queria, falta de inspiração e vontade de escrever no blog…

Não estou a dizer que vou deixar de o fazer, simplesmente os posts vão começar a serem um pouco mais espaçados uns entre os outros, embora com muita pena minha, pois gostava que pudesse ser sempre como no inicio, um post todos os dias… enfim, daqui a um mês pode ser que volte a ser mais regular… entretanto, obrigada pelas visitas 🙂

Biblioteca Marriott

Provavelmente nunca ninguém reparou, mas entre os meus links tenho uma pequena preciosidade, o site da Biblioteca Marriott da Universidade do Utah nos E.U.A..

A razão pela qual considero este site tão importante é pelo facto de alguém ter tido a brilhante ideia de digitalizar algum do espólio desta biblioteca (à semelhança do que tem vindo a acontecer um pouco por todo o lado, desde bibliotecas até instituições culturais) sendo que se perderem algum tempo a explorar o site vão encontrar verdadeiros tesouros, dos quais destaco o “ATLAS COELESTIS seu HARMONIA MACROCOSMICA” de Andreas Cellarius (1596-1665) (aqui), o famoso cartógrafo alemão que nos apresenta neste atlas celeste magnificas ilustrações que vão desde as constelações aos planetas, passando pelas diferentes fases da lua e a própria orbita solar.

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Para além disto há ainda dois Códices Aztecas com as respectivas figuras que descrevem entre outras coisas os seus rituais sangrentos, que causam ainda mais impacto depois de se assistir ao “Apocalypto” de Mel Gibson (digo eu…).

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Estudo Marktest sobre a leitura dos portugueses

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“Já somos mais de três milhões a ler ou pelo menos foi esse o número de portugueses que leu um livro no mês anterior ao estudo feito pela Marktest, revelado a 17 de Abril.

Num país onde a taxa de alfabetização é das menores da Europa e a leitura continua a ser uma prática ainda marginal, os dados do estudo Consumidor 2006 mostraram que houve um aumento de 58% dos hábitos de leitura em relação aos últimos dez anos.

Percebeu-se ainda que são os jovens entre os 15 e 17 anos que lêem mais. Já os indivíduos dos 18 aos 24 anos foram aqueles que disseram mais vezes que não tinham lido um livro no último mês em resposta ao telefonema da Markest. Para além desta diferença etária, houve outras que ficaram expostas. Por exemplo ficou a saber-se que são as mulheres e os residentes na Grande Lisboa e no Grande Porto que registam uma taxa de leitura maior.”

in Lx Jovem
Imagem por Jean Honoré Fragonard, “Rapariga a Ler”, 1776.

Parece-me um muito bom sinal, principalmente o facto de quem mais ler serem os jovens entre os 15 e 17 anos…
Estranho foi o facto da faixa etária onde me situo ser a que lê menos, tinha a noção exactamente oposta, principalmente pelo número de amigas(os) minhas com hábitos de leitura…

Finalmente Tempo!

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Inicialmente a minha ideia de escrever um blog teve a ver com a necessidade que eu tinha de discutir as minhas opiniões acerca do que lia e ainda fazer algo que eu achava que faltava na Internet, lugares onde se pudesse encontrar opiniões de outras pessoas para saber se um livro valeria ou não a pena comprar. Infelizmente tenho andado em testes, e nestas alturas de mais trabalho ler é impossível, por isso tive de ir preenchendo a Lura dos Livros com outras coisas que, embora interessantes, não deveriam ocupar tanto espaço neste blog….

Hoje é o meu último teste (pelo menos durante mais umas semanas…), finalmente vou ter tempo para pegar nos livros de que gosto e não naqueles que sou obrigada a ler e que por isso têm muito menos piada… O próximo vai ser “A Misteriosa chama da Rainha Loana” do Umberto Eco. Depois deixo aqui a minha opinião :p

Entretanto pode ser que a inspiração volte e vá escrevendo sobre coisas que já li há uns tempos e que acabaram por me marcar de uma maneira ou de outra…

E-cards literários

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Encontrei na Internet um site com e-cards bastante originais, com ilustrações magníficas e pequenos excertos de prosa e poemas bastante conhecidos.
O que usei como imagem é um excerto do clássico D. Quixote.

Deixo-vos aqui então o link.

Páscoa Feliz!!!

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“Retrato de Mónica” por Sophia de Mello Breyner Andresen

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“Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta.
Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.
De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.
Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista». Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos. Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos.
Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande.
Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a um cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.
O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.
É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também. Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum.
E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve.
Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.
Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisto não há evidentemente, nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto.
Não é o desejo do amor que os une. O que os une e justamente uma vontade sem amor.
E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio; mais firme fundamento do seu poder.”

in Contos Exemplares – Sophia de Mello Breyner Andresen

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