“A Herança do vazio” de Kiran Desai

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Durante a minha ausência prolongada li apenas “A Herança do vazio”, de Kiran Desai. Tinha bastantes expectativas em relação a esta obra, principalmente por lhe ter sido atribuído o Booker Prize em 2006. Gostei também do facto de a história decorrer em grande parte na Índia e de abordar o tema da imigração.

Devo dizer que a minha opinião final ficou bastante aquém das minhas expectativas. Apesar de a história, ou melhor, dos vários fragmentos de histórias, serem bastante fortes e terem muito potencial, a maneira como esta se desenrole, e como é contada por Desai é bastante insípida, não tanto pelas descrições, porque essas sim estão bastante boas, mas pela construção das próprias personagens, que são estanques, e pouco “realistas”.

A história gira à volta de várias pequenas histórias, todas ligadas de alguma forma. As personagens principais são um antigo juiz Indiano e a sua neta, que entra repentinamente na sua vida, após um acidente que vitimou os seus pais e que a obrigou a abandonar o colégio interno. Com eles vive um criado cujo filho emigrou ilegalmente para os Estados Unidos. O juiz e a neta estão inseridos numa comunidade de ingleses que se encontram na Índia há muitos anos, vivendo num limbo entre as duas nacionalidades.

Este é um livro sobre emigrantes e imigrantes e dos vários problemas com que estes se deparam. Achei a parte do jovem ilegal demasiado decadente, assim como a do juiz que aspira ser inglês numa cultura exactamente aposta e isto ironicamente depois de nunca se ter sentido integrado na Inglaterra original. As histórias de que mais gostei foram as dos ingleses na Índia que tentam a tudo o custo manter as suas tradições, levando por vezes a situações caricatas. A personagem com quem mais simpatizei foi a neta do juiz e a única em que senti haver uma evolução interessante foi no explicador/amante da jovem, que apesar de gostar do conforto da casa do juiz, acaba por se envolver num grupo de revolucionários separatistas.